1 de mai. de 2007


Tempóide

Começo a pensar que quanto mais o tempo passa, mais a mente regride. Aliás, começo a pensar também que isso é um efeito natural: é o que o tempo faz com as pessoas. Na relação de expectativas entre o tempo e nós mesmos, aquele é o único que sai satisfeito. Satisfeito? Porque consegue o seu objetivo de assistir a decepções que foram conservadas por anos para explodirem de uma só vez, rindo por contrariar quem achava que o enganava, ou que poderia ser seu amigo. Quanto às nossas expectativas, nada de novo. Sempre esperamos que o tempo ajude tudo a mudar, a melhorar, a aperfeiçoar. Mas quando chegaria o momento de averiguar os resultados, a grande descoberta: nada mudou. Ou melhor, só piorou. Quem você achava que tinha crescido, aprendido, amadurecido, não passa da mesma canção à infância perdida, ode à quem não sabe se cresce ou pára de crescer, e no meio do caminho, se engendra numa indecisão e uma inércia espetaculares. Bendito tempo, no fim das contas é ele que nos ensina que nada é do jeito que queremos.

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