17 de abr. de 2007


O tempo e o espaço

Eu pensei em como andar. Quando vi, minhas pernas tinham me tirado do meu mundo. Eu sentei num poltrona espaçosa, e enquanto anjos lilazes lavavam meus pés, vi a Terra de fora e ela estava parada. Toda aquela imensidão azul parada. Parecia que finalmente a inércia do espaço havia vencido a força que fazia aquela massa girar. Apertei o canto dos olhos e consegui ver que não era só de longe que o mundo tinha parado. De perto também nada se mexia. O guarda de trânsito apitava já havia dois minutos, imóvel. E nenhum carro ultrapassou o sinal. Nem os que estavam com o sinal verde. Aliás, até o sinal parou verde. A caixa do supermercado parou com um saco de batatas nas mãos, o último da compra da cliente, que ficou congelada assinando o cheque que pagaria as compras do mês. Porém, aquele mês duraria pra sempre, e as compras nunca iriam se esgotar.

Longe dali, uma equipe de saltos ornamentais treinava. O saltador flutuava no ar, entre o parafuso e segundo mortal. A menina, que aplaudia o palhaço na rua, ficou imóvel com um sorriso tão cheio que achei que o sol sá tinha brilhado aquele tempo todo porque aquela menina sorria. A tarrafa do pescador também parou no ar. Não iria pegar nada nada, porque mesmo que as gaivotas estivessem voando, elas passariam mais alto. No alto do morro, até a bala ficou levitando no ar. Quando tudo voltasse ao normal (se em algum momento tudo voltasse), antes que alguém pudesse piscar ela estraçalharia a cabeça daquele rapaz que voltava da escola com a namorada. No meio da floresta, um sagüi tinha errado o golpe de vista. Só não havia ido ao chão ainda porque estava flutuando no espaço.
Depois de 15 dias eu descobri que o espaço tinha parado, mas o tempo não. Cada ser daquele meu mundo estava envelhecendo enquanto eu estava fora dele. Cada vida de cada um continuava, cada tempo passava, e comecei a acreditar que tudo estava parado no espaço porque eu não via mais o espaço. E era só o trempo que espalhava por todos os espaços. Quando eu vi o tempo passando e o mundo parado, notei que nunca mais o meu mundo seria o mesmo para mim. Eu sempre sentiria que era alguns dias mais velho que o mundo. Nada seria igual. E o único que me reconheceria seria o tempo. O único que esteve comigo em todos os momentos. No mais, o mundo parara. Ou só eu não o via girar.

Um comentário:

Michele Eger disse...

é, acho que você que não via ele girar!
adorei o texto! muito bom!
mas ah, que novidade tem isso pra ti neah? é sempre assim: amei Jouber, adoooorei Jouber!
Mas pra mim não, é sempre diferente, e melhor, ja disse que você sempre me surpreende neah? :x
OOAIEHOAIHOAEI
me senhor, quantos elogios :x
tá tá
olha, eu to com muita saudade
(ja disse isso tb, 3216546510654894 de vezes :/)
mas BUM, é isso
TE ADORO!
DE VERDADE!!