1 de mar. de 2007


De quando eu viajei por várias dimensões

Eu estava caminhando tranqüilo pela rua quando de repente desmaiei. Caí, bati a cabeça e morri. Fui ao céu e me disseram que não poderiam me aceitar porque eu era bom demais. Fui ao inferno e me disseram que não poderiam me aceitar porque eu era ruim demais. Caí no purgatório, e me disseram que até a decisão de ficar em cima do muro era uma decisão. Fui conversar com o responsável pela entrada de novos habitantes no outro mundo, e ele me disse que era a primeira vez que um alguém que se foi - ele não disse "se foi", disse "se veio" - não era aceito em nenhuma dimensão. Falou que se eu fosse ao limbo talvez eles me aceitassem como babá das crianças que não foram batizadas, já que o papa resolver fechar aquele estabelecimento. Lá chegando, me disseram, que eu era maledicente demais, não podia viver com as crianças. Voltei ao chefe, e ele tentou falar com a terra, para ver se eu poderia voltar. O responsável dessa repartição disse que não. Disse que eu era inocente demais para viver no mundo. Não me lembro mais o que aconteceu depois. Só sei que eu acordei em frente ao antigo Bola de Fogo, estirado no chão, com muitas pessoas em volta,perguntando como eu estava, se eu estava ferido e coisas do gênero. Eu me levantei, agradeci a preocupação, e segui meu caminho para a Revi. Ultrapassei o cadáver na frente do portão, o portão, o homem que fica depois do portão, desviei do carro que entrou pelo portão e senti algo estranho no bolso da camisa. Abri o bilhete e li. Estava numa letra mui cursiva:


"Jouber Paixão. Você não serve para lugar nenhum. Não presta para o céu. Muito menos para o inferno. Não é digno nem do puirgatório nem do antigo limbo. O menos pior é que fique na terra. Mas como castigo por ser essa máquina de nada, esse gênio vazio e redundante, tudo que você quiser, o terá ao contrário. Queira amor, e tenha ódio. Queira bem, e terá o mal. Pense o sorriso e leve o tapa. E estará condenado a viver para sempre com essa sina a partir do momento em que tentar enganar querendo o mal, tendo o ódio e dando o tapa. Queira o mal, filho da Paixão, e você estará fudido. Dê muita paixão. Muita. é o máximo que você pode fazer. Mas nunca terá o que quer.
Ass: Chefe".

Chorei. Chorei. Chorei. Andei. Subi. Chorei e vivi. O resto que havia. E assim estou até hoje.

Um comentário:

Fran Hellmann disse...

Bom Jouber, se a sua cruz é se apaixonar, eu também quero esta cruz pra mim...

Conta comigo sempre!
Beijo!