17 de fev. de 2007

Doutor?

- Com licença?
- Boa tarde, em que posso lhe ser útil?
- Boa tarde, doutor. Vim aqui porque tenho algumas dúvidas...
- Sim. O que o senhor sente?
- Bom, eu não tenho conseguido dormir.
- Hum, e o que mais?
- Eu também estou sentindo meu coração ficar acelerado, como se eu tivesse corrido dois quilômetros, uma sensação muito estranha.
- Hmmm... Certo...
- Também estou com a visão turva, e vejo uns pontinhos luminosos quando meu coração acelera. Pontos que parecem estrelas que se mexem, ou vagalumes, algo assim.
- Prossiga...
- Sinto falta de ar, parece que meu peito vai explodir. E algo muito estranho no estômago, como seu eu tivesse engolido vinte libélulas vivas.
- Correto. Continue.
- O último sintoma é o mais espantoso. Tenho sentido impulsos, doutor. Impulsos de escrever, de gritar, de pular, de sorrir, de abraçar, de beijar. Mas eles são todos alternados, meio misturados, acontecem juntos e separados, nem consigo explicar direito.
- Uh-hum. Bom, meu caro, você não está doente. Você está apaixonado.
- Sim, pela mulher mais linda do universo.
- Ué, você já sabia? Mas não disse que tinha dúvidas?
- E tenho.
- Não estou entendendo. Que dúvidas são estas?
- Eu queria saber como faço para isto durar para sempre.

5 comentários:

Ana disse...

Já dizia Hegel, "nada existe de grandioso sem paixão".

Muito bom.
Mesmo ;*

Anônimo disse...

Mais um médico pra sua lista?

Só não gostei das libélulas.

Patrícia Debortoli disse...

Mas o cara é um poeta...
sem mais palavras...
Perfeita descrição
e bela foto!
;-*

Andressa Thayse disse...

"As paixões são como ventanias que enfurnam as velas dos navios, fazendo-os navegar; outras vezes podem fazê-los naufragar, mas se não fossem elas, não haveriam viagens nem aventuras nem novas descobertas." (Voltaire)

Danni Milan disse...

simplesmente adorei!!!!
beijo caro poeta.
ótima semana