20 de mai. de 2007


Cabeção

Dor de cabeça é cabeça inchada. Deus me livre disso.

6 de mai. de 2007

Um mini-portifólio


4 de mai. de 2007

"Cores do Silêncio"

Mais uma remessa de bolonenses mostra suas fotos no cemitério na exposição "Cores do Silêncio", que está na frente da biblioteca do Ielusc. Eu não fotografei, mas tomei algumas das fotos dos meus colegas e fiz cortes alternativos, mas que podem dar uma idéia do que pode ser encontrado na exposição. Clique nas imagens para ampliá-las.









1 de mai. de 2007


Tempóide

Começo a pensar que quanto mais o tempo passa, mais a mente regride. Aliás, começo a pensar também que isso é um efeito natural: é o que o tempo faz com as pessoas. Na relação de expectativas entre o tempo e nós mesmos, aquele é o único que sai satisfeito. Satisfeito? Porque consegue o seu objetivo de assistir a decepções que foram conservadas por anos para explodirem de uma só vez, rindo por contrariar quem achava que o enganava, ou que poderia ser seu amigo. Quanto às nossas expectativas, nada de novo. Sempre esperamos que o tempo ajude tudo a mudar, a melhorar, a aperfeiçoar. Mas quando chegaria o momento de averiguar os resultados, a grande descoberta: nada mudou. Ou melhor, só piorou. Quem você achava que tinha crescido, aprendido, amadurecido, não passa da mesma canção à infância perdida, ode à quem não sabe se cresce ou pára de crescer, e no meio do caminho, se engendra numa indecisão e uma inércia espetaculares. Bendito tempo, no fim das contas é ele que nos ensina que nada é do jeito que queremos.

24 de abr. de 2007


Distorção

Distorci o tempo e a vida do tempo que vai e volta. Por enquanto, ainda vivo para contar a história.

20 de abr. de 2007


Os pardais

E era a mesma coisa, mas não era mais. Quando os bicos dos pardais se encontraram pela primeira vez nenhum deles sabia que a vida inteira que viria depois daquela noite seria diferente. Os dois, que cresceram em graça e sabedoria juntos, descobriram a amizade ressabiada de quem mais cuida manter-se perto que zelar pelo próprio viver. Quando estavam juntos, eram completos. E sem perfeição, um deles sentia que no completo faltava um pedaço. Cometera o erro de se apaixonar pelo seu amigo de fé. Guardara seu segredo com uma nada usual parcimônia: em um mês, até o bem-te-vi e o pica-pau sabiam de sua paixão.
Era natural que seu amado também soubesse. E como bom amigo que era, decidiu zelar pelo bem da que o amava. Decidiu mostrar os limites, tolher as saliências, aparar as arestas e colocar a situação no lugar. O fogo da passarinha foi se afogando nos escrúpulos. Virou uma quase-brasa. Um quase-cinza, só acesa porque ventava. Até que tudo voltou a ser como era. A amizade reinava soberana sobre o amor derrotado.
Foi quando o desejo aprontou das suas. Numa noite, os amigos cruzaram os bicos. E ambos se acharam realizados. Tudo de mal que acharam que viria, não veio. Nem o medo nem o arrependimento. Veio só o que vem depois de algo que não deve acontecer, as conseqüências. A amizade que havia retornado só durava ainda por esforço mútuo e obstinado de dois pardais que tinham consciência, mesmo antes de se saberem pardais, que precisavam mais da asa amiga que do prazer de roçarem suas penas entre si. Nos seus desencontros, se desencontravam cada vez mais. Até que a mistura de medo e ponderação venceu a vontade, e pararam. E acabaram amigos felizes como jamais seriam se seus bicos se tocassem de novo.

17 de abr. de 2007


O tempo e o espaço

Eu pensei em como andar. Quando vi, minhas pernas tinham me tirado do meu mundo. Eu sentei num poltrona espaçosa, e enquanto anjos lilazes lavavam meus pés, vi a Terra de fora e ela estava parada. Toda aquela imensidão azul parada. Parecia que finalmente a inércia do espaço havia vencido a força que fazia aquela massa girar. Apertei o canto dos olhos e consegui ver que não era só de longe que o mundo tinha parado. De perto também nada se mexia. O guarda de trânsito apitava já havia dois minutos, imóvel. E nenhum carro ultrapassou o sinal. Nem os que estavam com o sinal verde. Aliás, até o sinal parou verde. A caixa do supermercado parou com um saco de batatas nas mãos, o último da compra da cliente, que ficou congelada assinando o cheque que pagaria as compras do mês. Porém, aquele mês duraria pra sempre, e as compras nunca iriam se esgotar.

Longe dali, uma equipe de saltos ornamentais treinava. O saltador flutuava no ar, entre o parafuso e segundo mortal. A menina, que aplaudia o palhaço na rua, ficou imóvel com um sorriso tão cheio que achei que o sol sá tinha brilhado aquele tempo todo porque aquela menina sorria. A tarrafa do pescador também parou no ar. Não iria pegar nada nada, porque mesmo que as gaivotas estivessem voando, elas passariam mais alto. No alto do morro, até a bala ficou levitando no ar. Quando tudo voltasse ao normal (se em algum momento tudo voltasse), antes que alguém pudesse piscar ela estraçalharia a cabeça daquele rapaz que voltava da escola com a namorada. No meio da floresta, um sagüi tinha errado o golpe de vista. Só não havia ido ao chão ainda porque estava flutuando no espaço.
Depois de 15 dias eu descobri que o espaço tinha parado, mas o tempo não. Cada ser daquele meu mundo estava envelhecendo enquanto eu estava fora dele. Cada vida de cada um continuava, cada tempo passava, e comecei a acreditar que tudo estava parado no espaço porque eu não via mais o espaço. E era só o trempo que espalhava por todos os espaços. Quando eu vi o tempo passando e o mundo parado, notei que nunca mais o meu mundo seria o mesmo para mim. Eu sempre sentiria que era alguns dias mais velho que o mundo. Nada seria igual. E o único que me reconheceria seria o tempo. O único que esteve comigo em todos os momentos. No mais, o mundo parara. Ou só eu não o via girar.

21 de mar. de 2007


Escala de cinza

O mundo é preto e branco. O resto é frescura. Tudo que é colorido é mascarado. Bailes de raios compridos e ondas infreqüentes. Firula. O preto é o sólido. O verdadeiro. O único, sem mancha, sem mistura. Sem nada. E o branco é o tudo, o global, o infinito. Quer mais que a luz? Não precisa. Preto e branco são preto e branco. Complementares. Contrastes completos que vão da ordem ao caos, do início ao fim, do tudo ao nada. Eu sou meio preto meio branco, e todos somos. Não somos cores - nem quero ser cor - nem nunca fomos. Somos graduações diferentes de branco no preto, vazio sublime. Somos jatos de ausência, de preto vadio no branco atribulado. E chega de cor. Só se for pra capturar a realidade. Devemos ver o mundo preto e branco. Colores só pra variar de vez em quando.

20 de mar. de 2007


Çinto muito

Algo bastante estranho tem acontecido quando eu me sento em frente à esse Paixão de Bolso para atualizá-lo. Algo que nunca pensei que fosse acontecer. O fato é que, quando começou esse "projeto", eu imaginei que não teria imagens boas pra colocar aqui, e que mesmo assim eu sempre daria um jeito de escrever alguma coisa legal. Até prometi a interlocutores letras de música, poemas consagrados, e outras coisas do gênero. Começaram as postagens, e eu vi que era muito melhor escrever eu mesmo, as coisas que acho, e mais que isso, coisas que sinto. E eu sinto muito.

Sinto muito porque esse projeto está perto de ser esfacelado. Tenho uma grande abundância de imagens, a ponto de poder ficar um mês sem tirar nenhuma e poder atualizar o PdeB todos os dias sem maiores transtornos. Mas não consigo escrever! Não sai nada interessante. Eu penso, até tenho boas idéias, mas na hora de executá-las, é um fiasco total. Não sei se foi mesmo aquilo que escrevi, de ter perdido o personagem. Ou é falta de incentivo, não sei. Sei que o feedback dos comentários confirma essa minha sensação, de que o espaço está ficando ruim. Chato é a palavra. Até porque eu estou achando chato não ter o que escrever e ser obrigado, pelo número mínimo de postagens, a escrever qualquer coisa, como no post passado. Meu caderno com poemas anda às moscas. O blog não teve nada de muito interessante nesse último mês. Ai, ai. Não sou mais o mesmo, não.

17 de mar. de 2007

Milagreiro

Se eu soubesse a palavra que faria tudo acontecer, pode ter certeza que eu falaria. Mas ainda não sou santo. Nem pretendo. Só queria saber como fazer milagres.

15 de mar. de 2007


Exéquias

Como bem citou um grande amigo meu, é hora de recolher os restos mortais da paixão. Colocar num belo vaso o que sobrou da cremação de conversas extenuantes. Talvez enterrar, talvez pôr na estante, talvez aspirá-los como se fossem uma droga, ou ainda regá-los pra ver se brota uma outra paixão. Não sei o que fazer. Pessoas, quando morrem, vai o corpo e fica a memória. Paixões, quando morrem, fica a memória, mas também fica a apaixonante, viva, circulando ao seu lado, exalando seu perfume, sorrindo e dilacerando o resto de otimismo que restava no coração quase já pós-pós-moderno. O que fazer com as cinzas? O que fazer com as cinzas? O que fazer com o que foi a paixão? Pior. O que fazer com o que restou da paixão?
Já não tenho mais gavetas pra guardar tantas reminiscências. Tento esconder o que me faz lembrar pra que eu não fique lembrando o tempo todo. Mas não consigo. A vontade passa corrando pelos meus arquivos de memória abrindo todas as portas, escancarando as gavetas, e quando vejo, todas as lembranças estão no chão novamente, atrapalhando a passagem, obstaculando, mas me fazendo feliz por ter amado de vez em quando, pois nobre é quem ama. Fazendo também o pior fracassado. Mas fazer o que?
Será que é só mesmo uma nova paixão que pode substituir uma antiga? E de novo, o que fazer com as cinzas?

14 de mar. de 2007


0 - Zero à esquerda

Acabo de apagar um início de texto muito ruim. Eu queria fazer algumas frases de duplo sentido sobre estar preparado. Mas não consegui. Acho que a minha competência de escrita escorreu pelo ralo junto com a água dos banhos que eu tomo. Não sei se isso é algo natural, se os rombos de inspiração são mesmo freqüentes, se são previsíveis, não sei. Sei que ontem tentei escrever um poema. Até consegui. Mas ficou medíocre. Medíocre com M maiúsculo. E agora estou escrevendo mais um texto que não aparente estar muito bom.

Vou confessar para vocês. Não foi a minha inspiração que morreu. Quem morreu foi o meu personagem. Era sobre aquele cara que eu escrevia. Aquele apaixonado inveterado, que não via mais nada na frente que não fosse o seu amor. Mas o homem morre junto com a paixão. E mataram a paixão. E mataram aquele homem. O que sobrou foi o alguém que servia de instrumento. Sobraram as mãos que tocam o teclado. Só sobrou isso. O amor foi. A paixão foi. E ficou esse alguém.

Pense numa cabeça. Isso eu tenho. Pense num coração.

Palavras medíocres.

13 de mar. de 2007


Dos jogos de palavras

O triste não está. O triste é. O sorriso talvez esteja. Mas nem sempre. Quem sempre está é a vontade. Mas nunca é. Só o triste é.

12 de mar. de 2007


Apaixonado procura

Apaixonado sozinho procura alguém disposta a receber muito carinho e atenção. Pré-requisitos: pode ser loura, morena, ruiva ou castanha; pele clara, média ou escura; alta, mediana ou baixa; que seja simpática, divertida e goste dos pequenos prazeres da vida, sem desprezar os grandes. Apaixonado procura alguém para ver filme comendo pipoca sob cobertas no inverno, rir dos macacos no parque, assistir comédias e melodramas no cinema, brincar com as mãos, sorrir, beijar de vez em quando, conversar sempre, sair sábado à noite e almoçar em família no domingo. Apaixonado aberto a novas idéias e visões de mundo. Interessadas favor subscrever-se nos comentários dessa postagem, ou em qualquer um dos espaços da grife "Blogs das Paixões", ou enviar e-mail ou recado em sites de relacionamento.

9 de mar. de 2007

Cento e Cinqüenta e Seis

Então chegou o 9 de março. Agora, que ele já está indo embora, dá pra dizer sem parecer piegas que sou um apaixonado por Joinville. Muitos dizem que vai ser difícil encontrar povo mais frio que o daqui, que a cidade é sem graça, que chove demais, que é chata demais e que é agradável de menos. O que eu sei sobre Joinville não é muito. Mas é tudo que eu sei. Porque tudo que eu sei eu aprendi aqui. Foi aqui que chorei pela primeira vez, também foi onde fiz meu primeiro gol. E o último também. Foi onde aprendi a escrever, onde conheci meus melhores amigos. Onde estão todos os inimigos que eu não criei. Foi onde beijei a primeira e a última menina. Foi em Joinville que eu conheci ídolos, que eu cultivei uma rede de contatos. Aprendi a ver princesas na cidade dos príncipes, que nunca recebeu um príncipe. Em Joinville eu fui o que eu era, e virei o que eu sou.
Os mais maledicentes vão me chamar de provinciano, vão me acusar de ter um pensamento pequeno e de não conhecer - nem saber - que tem um mundo pra lá da Serra Dona Francisca, e que do alto do Mirante do Boa Vista não dá, não, pra ver o mundo inteiro. O que eu sei de Joinville é que não foi a cidade que eu escolhi pra viver. Simplesmente nasci daqui, sou daqui, e desejo nunca na minha vida ter de negar que eu vim do nordeste. Do nordeste de Santa Catarina. Da cidade mais bonita do mundo. Que tem as mulheres mais lindas do mundo. E que tem o poder de apaixonar.
Joinville não é a minha cidade. Joinville é a minha vida. É muito provável que eu não more aqui pra sempre. Mas nunca vou embora daqui. Pois até onde eu for - mesmo que não caiba - vou levar desde a curva do arroz até o posto de Garuva no meu coração. E que desde o mais longínqüo arrozal do Vila Nova até o último grão de areia da Vigorelli, toda Joinville, sua terra e seu povo, vão viver na minha memória pra sempre.
Parabéns para a minha cidade. Parabéns para a minha Joinville.

6 de mar. de 2007


Venho, por meio desta, declarar que eu desisto.

Eu me cansei. Nunca estive nem perto de quem eu queria, e me cansei de vez. Já estive estafado outras vezes. Mas dessa vez me sinto cansado e vazio. Sou um quase-oco, um sem-vontade, um parvo. Não deveria, mas lamento por cada linha que escrevi. Lamento por cada minuto de sono e descanso que abri mão por ela. Lamento cada palavra de cada oração que fiz por ela nos últimos sete meses, por cada vez que suspirei, cada vez que sonhei. E, acima de tudo, lamento imensamente ter acreditado que poderia ser feliz com ela. Fico muito triste pela agonia que sofri calado durante esse meses, pelas vezes que chorei, pela vezes que sorri, iludido ou tentando iludir alguém com uma pretensa alegria constante. Fico muito triste por ter gostado dela e não ter recebido nem uma chance de falar isso claramente. Lamento tudo que fiz errado por minha pequeneza. E lamento por tudo que fiz certo, pois me sinto como um professor que ensina latim para um amontoado de pedras. Sinto que falei para as paredes, gastei as melhore spalavras que eu tinha, jogando-as num poço sem fundo. Se era frustrado por não ter tentado, hoje estou melhor. Me sinto um fracassado. Mas antes um fracassado que tentou que um frustrado por não ter tentado. O meu problema foi ter errado na idéia, ter acreditado que sentimento e palavras bonitas enfileiradas poderiam falar ao coração, poderiam agradar as idéias. O problema também foi ter errado no plano, ter tentado fazer as coisas de maneira que fosse mais agradável e confortável para ela. Ter mantido segredo. Não ter querido expô-la. Não ter querido desgastá-la. Erro na execução. Num pretenso romancismo, fui covarde. Mas o erro maior foi ter gostado de alguém que nunca vai gostar de mim. Alguém de quem nem sei se já merece um sorriso sincero. Alguém que não sei se lamenta como eu ou se vibra. Alguém que não sei se sente. Lamento do fundo do meu calculismo não ter calculado que me apaixonar por alguém como ela seria um grande erro. Um gol contra. Que ela é uma grande muralha. Um algo intransponível que eu sonhei conquistar, com quem sonhei várias vezes compartilhar bons momentos felizes. Minha prepotência achou que eu poderia conseguir fazer feliz um alguém por quem me apaixonei. Mas hoje notei que não sou capaz. Por isso desisti. E lamento muito por não ter o feito antes.


OooO

E para você, minha paixão, eu digo que senti algo que mudou a minha vida. Que a paixão que senti por ti me fez muito bem. Me fez escrever melhor, me fez ver a vida melhor. Que durante os mais de sete meses que foi apaixonado por você vivi sozinho a mais linda história de amor da minha vida. Que sorri por dentro cada vez que pensei em você. Que vibrei cada vez que eu te vi. Que com você pude atuar no melhor romance a que já assisti. E que mesmo sem saber você me fez alguém muito feliz nos meus sonhos. Que sem saber foi a melhor mulher que já tive. Que cada vez que me magoei pela sua rudeza, seu destempero, cada vez que engoli minha insatisfação perante os maus tratos que você cometia e nem percebia, o perdão foi maravilhoso, trouxe a paixão mais forte e viva. Digo para você que penso ter te amado quando perdia o controle sobre o que sentia. E digo que fico muito triste por você não ter podido viver a intensidade dos momento que eu tive a oportunidade de vivenciar pela sua paixão. E, finalmente, que lamento profundamente que tudo que eu vivi não tenha acontecido de verdade.

4 de mar. de 2007


A retórica do perdão

Me desculpe se eu não sou tão bom quanto deveria, se o que eu faço ninguém faria. Me perdoe se eu minto, me desculpe se eu falo a verdade. Se eu quero e não falo, se eu não falo e parece. Se eu faço e não deveria, se não faço o que de fato você queria. Se tiro o ar. Se tiro a privacidade. Se tiro o corpo fora. Se faço errado. Se faço certo. Se não olho quando poderia, e se olho quando não podia. Me perdoe por te amar, me perdoe por não gostar. Desculpe por ser assim, e por não ser assado. Perdão por não ser discreto. Me desculpe por não me controlar. Me desculpe por pedir desculpas.

A todos a quem eu devo algum tipo de desculpas.

2 de mar. de 2007


§ Meu coração bate ligeiramente apertado

§ Talvez eu seja simplesmente.
§ Quando dei por mim, nem tentei fugir
§ O amor vai até onde os sonhos conseguem chegar
§ Acho que gosto de meninas e meninas
§ O tempo passa e com ele caminhamos todos juntos sem parar
§ Tentei chorar e não consegui
§ Não há nada mais que a gente possa fazer
§ Eu não sou cachorro não
§ Quando vi os teus lindos olhos brilhando em outra direção olhando e eu [não existia pra você me apavorei
§ A minha vida eu preciso mudar
§ Mil e uma noites de amor com você
§ E um beijinho em minha Cinderela
§ Se você quiser experimentar sei que vai gostar
§ Ando tão à flor da pele
§ Guardo teu tesouro
§ Eu me apaixonei pela pessoa errada.

1 de mar. de 2007


De quando eu viajei por várias dimensões

Eu estava caminhando tranqüilo pela rua quando de repente desmaiei. Caí, bati a cabeça e morri. Fui ao céu e me disseram que não poderiam me aceitar porque eu era bom demais. Fui ao inferno e me disseram que não poderiam me aceitar porque eu era ruim demais. Caí no purgatório, e me disseram que até a decisão de ficar em cima do muro era uma decisão. Fui conversar com o responsável pela entrada de novos habitantes no outro mundo, e ele me disse que era a primeira vez que um alguém que se foi - ele não disse "se foi", disse "se veio" - não era aceito em nenhuma dimensão. Falou que se eu fosse ao limbo talvez eles me aceitassem como babá das crianças que não foram batizadas, já que o papa resolver fechar aquele estabelecimento. Lá chegando, me disseram, que eu era maledicente demais, não podia viver com as crianças. Voltei ao chefe, e ele tentou falar com a terra, para ver se eu poderia voltar. O responsável dessa repartição disse que não. Disse que eu era inocente demais para viver no mundo. Não me lembro mais o que aconteceu depois. Só sei que eu acordei em frente ao antigo Bola de Fogo, estirado no chão, com muitas pessoas em volta,perguntando como eu estava, se eu estava ferido e coisas do gênero. Eu me levantei, agradeci a preocupação, e segui meu caminho para a Revi. Ultrapassei o cadáver na frente do portão, o portão, o homem que fica depois do portão, desviei do carro que entrou pelo portão e senti algo estranho no bolso da camisa. Abri o bilhete e li. Estava numa letra mui cursiva:


"Jouber Paixão. Você não serve para lugar nenhum. Não presta para o céu. Muito menos para o inferno. Não é digno nem do puirgatório nem do antigo limbo. O menos pior é que fique na terra. Mas como castigo por ser essa máquina de nada, esse gênio vazio e redundante, tudo que você quiser, o terá ao contrário. Queira amor, e tenha ódio. Queira bem, e terá o mal. Pense o sorriso e leve o tapa. E estará condenado a viver para sempre com essa sina a partir do momento em que tentar enganar querendo o mal, tendo o ódio e dando o tapa. Queira o mal, filho da Paixão, e você estará fudido. Dê muita paixão. Muita. é o máximo que você pode fazer. Mas nunca terá o que quer.
Ass: Chefe".

Chorei. Chorei. Chorei. Andei. Subi. Chorei e vivi. O resto que havia. E assim estou até hoje.

27 de fev. de 2007


Ganhar? Pra que, se a graça é lutar?

Eu sei lá o que eu vou escrever hoje. O tempo está acabando, a paciência também. E a esperança, invejosa, segue a mesma sina. O grande exercício humano de elevação e superação é acreditar que as coisas vão dar certo, por mais improváveis que elas se apresentem. Acreditar no impossível. Mas a vida, do alto da sua esperteza, mostra ao homem que não dá pra acreditar. Dá dicas. Mostra uma coisinha aqui, outra ali. Só que o homem não é dos bichos mais espertos. Continua acreditando. A luz vermelha "Perigo! Perigo!" grita na sua frente, mas ele a ignora.


Ser um apaixonado é acreditar no impossível pelo simples fato de ser impossível. O apaixonado está fadado a nunca alcalçar o seu objetivo. Porque quando alcançar, perde a graça da vida. A graça de lutar. Minha maior virtude é saber que eu não vou conseguir. E mesmo assim continuar lutando.

22 de fev. de 2007


Jogado às hienas (Ou sobre como o mundo corre solto lá fora)

Me disseram que não dá pra não rir do que eu escrevo. Eu concordo. Eu mesmo, quando escrevo que estou apaixonado, rio à toa. E gargalho quando digo que me coração tem doído mais do que dor de dente. E acho muita graça nas minhas comparações. Comparações idiotas, de quem quer falar alguma coisa mas não sabe direito como. É provável, meus amigos, que se eu começar a falar sobre a indiferença do homem em relação ao seu próximo, você também ria. Se eu falar que enquanto você ri, o mundo corre solto lá fora, isso só vai aumentar seu riso. Eu posso procurar uma estatística e dizer quantas pessoas no mundo passam fome e sede e morrem sem saber porque, enquanto você toma a sua Coquinha geladinha recostado na sua cadeira giratória estofada, no seu ar-condicionado, e gargalha sem nem imaginar que o mundo corre solto lá fora. Posso falar sobre homens que matam homens, homens que batem em mulheres, mulheres que tiram filhos, homens que arrastam os filhos dos outros pela rua, outros que roubam os filhos dos outros, uns que tiram membros e comem, outros que colocam o cano de uma arma na boca por não agüentar saber de tudo isso. E você vai rir à toa enquanto o mundo corre solto lá fora. Eu talvez fale das depressões de viver nesse mundo carente de tudo, fale dos medos, das reservas, dos pés-atrás, das maldades. Talvez comente sobre o homem destruindo a sua casa, sua dispensa, seu quarto, sua sala. Destruindo a própria vida aos poucos. E você vai rir gostoso, sem nem imaginar que o mundo corre solto lá fora. Eu lamento muito, meu amigo, que você ria do que eu escrevo. Talvez você pense que eu sou um humorista. Talvez você ainda não saiba o que é realidade. É bem provável que você comente o fato de eu ter escrito que "o mundo corre solto lá fora" seis vezes, e ria da minha falta de criatividade. Eu digo que há quem chame isso de riso-solto. Eu conheço de outro jeito. Pra mim, quem ri de tudo é hiena. E a hiena é um animal muito engraçado. Você já viu uma hiena?

21 de fev. de 2007


Para o apaixonado

Viver é uma prisão
Para o apaixonado
Sem chave nem carcereiro
O sofrer redunda
O sentir invade
O fugir é nunca
E o agora é tarde

Para o apaixonado
Não o basta ser
Chorar e penar
Não é suficiente
Tem de gostar
De não ser completo
Tem de querer ser mais
Tem de querer ser um
Tem de amar
Sem ser amado
E viver armado
De amor

A poesia é indulto
Para o apaixonado
É o sorrir
É o luar
Ir pra não voltar
Mais apaixonar


A jamanta da paixão

Me perguntaram se o homem é racional ou emocional. Daí eu comecei a pensar. Daí eu comecei a sentir. E eu descobri. Descobri que para um apaixonado quanto mais pensar, mais amar. E eu sinto isso na pele. A paixão é como uma jamanta no alto da serra. Tem de dar um empurrãozinho. mas quando ela desanda, não há freio que segure. A paixão está lá, no alto da serra. O pensamento empurra, põe lenha na fogueira, manda crescer e multiplicar. E depois, quando quer controlar, é atropelado pela jamanta como um guaxinim desavisado.
Os puristas dizem que a gente não escolhe se apaixonar. Eu digo que os puristas estão empoeirados. Eu digo, e repito se o senhor quiser, que a paixão é escolha, sim. E das bem premeditadas. E eu sinto isso na pele. Escolhi ser um apaixonado, um bandeirante que apanha do mato, um sofredor. E digo que tem de ter coragem para viver assim. Para querer ser bobo tem de ser muito mais decidido que para querer ser esperto. E bobo apaixonado por escolha se orgulha e bate no peito. Fala alto: "Eu escolhi ser assim. Minha vida é carga de jamanta".

19 de fev. de 2007


O sermão do costume

O homem se acostuma a muitas coisas. E mesmo que sejam desagradáveis, acaba não se importando. Às vezes até acha divertido. Engraçado. Diferente. E outros adjetivos da indiferença. Posso citar exemplos. Eu já me acostumei a ser chamado de Jauber. Muito mais pessoas me chamam de Jauber que de Jouber. E eu atendo. É engraçado. E é bom. Eu tenho um pretexto para conversar com a pessoa. Corrijo ela educadamente e ganho pontos. Criamos um assunto em comum. Eu começo a falar dos nomes dos meus primos. Ela me fala sobre a sua amiga que se chama Eloá, e todo mundo escreve Eluá. Podemos virar amigos.
Já me acostumei a varais desfazendo meu penteado. Também meninas fazendo carinho no meu cabelo e dizendo que ele é gostoso. Aí eu digo que parece carpete. Aí ela diz "é mesmo!", e chama a menina mais próxima para fazer carinho também. Aí eu sorrio. Ela faz cara de "ai, que fofo!", e tudo fica bem. Me acostumei também a olhar para baixo para falar com as pessoas. Não que isso implique em soberba da minha parte. Simplesmente elas estão abaixo da minha linha de visão. Conheço um cara, o Leonardo, que é maior que eu. Meu pescoço dói quando falo com ele. Mas quanto a olhar pra baixo, é algo normal.
Também tenho prática em recusar. Já fiz disso um esporte. Como recuso muito mais coisas que aceito, já tenho a minha técnica de não ser rude. Sorrio, peço desculpas, e digo que vai ficar para a próxima. A pessoa lamenta, ou dá de ombros. E fica tudo por isso mesmo.
Faço tudo isso sempre. E também me acostumei à decepção. Sei me decepcionar tão bem que já faço as coisas fazendo "tsc, tsc, tsc". Já me preparo para o pior. Normalmente, me preparo corretamente. Às vezes, algo estranho acontece. E aí eu fiquei no lucro. Mas eu também me acostumei a me decepcionar comigo mesmo. Porque? Porque eu sei que vai dar errado, me preparo para dar errado, mas penso que pode dar certo, me animo, dá errado e eu fico triste. E a seqüência é sempre a mesma. Invariável. Vai ano, vem ano. Vem experiência, vai experiência. E eu continuo acreditando. E esperando novas coisas com que se acostumar. Já me acostumei a bater a cabeça na parede.

17 de fev. de 2007

Doutor?

- Com licença?
- Boa tarde, em que posso lhe ser útil?
- Boa tarde, doutor. Vim aqui porque tenho algumas dúvidas...
- Sim. O que o senhor sente?
- Bom, eu não tenho conseguido dormir.
- Hum, e o que mais?
- Eu também estou sentindo meu coração ficar acelerado, como se eu tivesse corrido dois quilômetros, uma sensação muito estranha.
- Hmmm... Certo...
- Também estou com a visão turva, e vejo uns pontinhos luminosos quando meu coração acelera. Pontos que parecem estrelas que se mexem, ou vagalumes, algo assim.
- Prossiga...
- Sinto falta de ar, parece que meu peito vai explodir. E algo muito estranho no estômago, como seu eu tivesse engolido vinte libélulas vivas.
- Correto. Continue.
- O último sintoma é o mais espantoso. Tenho sentido impulsos, doutor. Impulsos de escrever, de gritar, de pular, de sorrir, de abraçar, de beijar. Mas eles são todos alternados, meio misturados, acontecem juntos e separados, nem consigo explicar direito.
- Uh-hum. Bom, meu caro, você não está doente. Você está apaixonado.
- Sim, pela mulher mais linda do universo.
- Ué, você já sabia? Mas não disse que tinha dúvidas?
- E tenho.
- Não estou entendendo. Que dúvidas são estas?
- Eu queria saber como faço para isto durar para sempre.

16 de fev. de 2007


Alea jacta est.

"Não há limites para o homem que possui a capacidade de sonhar". Tomara que o Papai Noel esteja certo.

15 de fev. de 2007


Cheque pré p/ 22/03

A concorrência ferrenha chegou ao promissor mercado dos picolés delivery. Os consumidores joinvilenses assistem à briga de Melkbom e Picolândia pela clientela de picolés azuis. Dica: O da Picolândia é bem melhor.

OooO

Precisava registrar isso.

OooO

O duelo de egos continua no espetacularizado Bom Jesus/Ielusc. A Revi aguarda ansiosamente os comentários do professor Silnei Soares sobre a banca da monografia de Josane Muriel.

OooO

Ontem a rede Bonja caiu. De novo. Assim como a auto-estima do torcedor do Joinville Esporte Clube.

OooO

Hoje vou à rádio Globo AM. Leiam a matéria sobre o dia do repórter na REVIsta Eletrônica, amanhã.

OooO

O carnaval chegou. Por isso, nós, que sempre vimos o carnaval passar sem nem poder correr atrás dele, fundaremos a irmandade Cavaleiros da Monotonia. Quem sabe um dia façamos um desfile no Carnaval de Joinville, ali na Abdon Batista.

OooO

Minha coordenadora Izani Mustafá acaba de me ligar. A ida à rádio Globo AM foi cancelada. Mas leiam a Revi do mesmo jeito. Haverá matérias sobre outros veículos.

OooO

Sei lá o que está acontecendo.

OooO

Perdão a quem tem procurado os outros blogs. Tá bem difícil de achar tempo e criatividade para postar. Desculpas também aos companheiros de blog, e aos que não tenho comentado.

OooO

Meu amor, atrás dessa lente tem um cara legal.

OooO

Como o tempo passa. A Páscoa já chegou.

OooO

Tchau.

13 de fev. de 2007


De como ser um poetinha

Nos rombos de inspiração, segundo o grande pensador Álvaro Diaz, podem surgir grandes escritores. Eu começo a pensar que não consigo ter boas idéias de manhã. Pelo menos não antes do almoço. Esse novo costume - já que as férias acabaram - de escrever ali pelo meio-dia, tem me prejudicado literariamente. Eu explico: sempre fui um alguém acostumado a escrever de noite, no horário em que supostamente deveria estar dormindo. Pois então a seqüência natural das coisas é bocejar, deitar, bocejar de novo, fazer uma oração, colocar o celular para despertar, se revirar na cama, pensar "uma música ía bem agora...", ouvir umas duas músicas, pensar "quem já perdeu meia hora de sono pode perder mais meia hora", pegar o papel e tentar escrever. Ontem mesmo eu tive uma ideia muito boa, a executei, e fiquei quinze minutos desenhando no papel até ter inspiração para ter uma outra idéia, que ficou quase melhor que a primeira.
Outro dia eu conversava com o Charles, e ele me perguntava se eu guardava tudo que escrevia. Eu disse que sim, e recomendo isso para todo mundo. Já tive bolhas de criatividade durante a noite, em que eu escrevia dois versos, olhava para o papel e tinha vontade de vomitar ali na cama mesmo. Dali três dias, pegava os mesmos dois versos e escrevia um poema mui autêntico, bem melhor que vários escritos de uma só vez, em verves incontroláveis. A emoção lírica deve ser sempre guiada por uma racionalidade mesmo que latente. Não é possível abrir o coração e deixar a mão fazer o trabalho sozinha. O nosso parnasianismo enrustido deve exigir um mínimo de esmero plástico, procurar musicalidades, novos sons, novas combinações de palavras, e isso só se consegue pensando. Ou vocês acham que Mário Quintana fechava os olhos e escrevia?
Pois eu confesso aos senhores que já fiz isso. Escrevi poemas de olhos fechados, de luz acesa e luz apagada, já escrevi no planalto, na praia, em casa, num arrozal, num banco de faculdade, no sítio, andando na rua (andando mesmo, sem parar), numa sala de faculdade e aqui, nesse computador, os meus primeiros. E garanto: inspiração não escolhe hora nem lugar. Ela só vem. E não tem nada no mundo pior que ver uma idéia passar voando na sua frente e não ter papel e caneta para capturá-la. É como ver o seu amor passando na rua e não ter voz para gritar o seu nome.
Outro bom conselho é ser organizado. Eu tenho aproximadamente 145 poemas, mas todos estão catalogados, todos tem data, tem destino, tem nome e estão padronizados. Talvez isso seja transtorno obssessivo meu, mas que facilita bastante uma busca, ah, isso facilita. O que deve ficar bem claro - ou escuro, porque quase sempre escrevo à luz azul do celular ou outros aparelhos luminosos - é que a maioria dos meus poemas foram escritos substituindo o sono, ou convivendo com ele. Isso faz com que a poesia mude a minha vida, influa no meu cotidiano. Ela exige sacrifício meu para escrever. E isso faz com que se crie um carinho especial pelo que se escreve, pois você sabe que não foram só as suas palavras que foram postas ali: é a sua vida retratada, impressa, eternizada. São seus minutos, um pouco da sua alma refletindo a luz no papel. E é isso que vale.

9 de fev. de 2007


Porque é bom estar enamorado, meu amor!

O que há de estranho em estar apaixonado é que tudo se torna diferente. Agora, imaginem: o que dizer de mim, que estou sempre apaixonado? Há algo que seja normal, para que se torne diferente? Eis uma resposta que já não tenho há um bom tempo.
O que há, de fato, é a paixão. Que tira o sono. E que quando dá sono, é só para fazer sonhar. Que faz escrever, que faz pensar, faz acreditar, sorrir, chorar, amar. E como é bom amar. Nem as decepções tiram o meu otimismo. Um suspiro continua valendo mais que um lamento. Ainda vale a pena se jogar num abismo em prol de um sentimento.
E como bom (ou mau, já que essa é uma doença da qual não quero sarar) apaixonado, já tenho meus sintomas. O coração acelera, apesar do clichê, quando o meu amor passa em minha frente. Meus hábitos já são diferentes: já perco o sono escrevendo, ou só sonhando acordado. Já não controlo meus olhos que sempre o procuram. Ainda domino um pouco as palavras, mas logo sei que não serei mais dono da minha voz. Sei que logo quem vai falar é esse ente que vive dentro de mim, alimentado por cada sorriso do meu amor, cada olhar do meu amor, cada passo do meu amor. A minha boca só servirá para beijar o meu amor e transmitir palavras do ente. E eu, doente, me curvarei à paixão que me dominará, me terá e me fará realizar tudo em seu favor. Em favor do meu amor.

Meu amor, o dia da paixão vem chegando.

8 de fev. de 2007


Pra Alvariar...

Hoje, segundo as más línguas, é o primeiro dia que esse nosso Paixão de Bolso vai exercer a função para o qual foi criado: atender à verve didática do professor Álvaro Diaz. Pensei em escrever algo mui belo para deixá-lo impressionado, falar sobre a origem da vida, sobre a importância semiológica do signo que o silêncio pode representar na nossa lingüìstica diária, ou simplesmente falar sobre como a palavra é onipresente durante toda a nossa existência.

O tempo de postagem me corrói, pois logo devo almoçar e rumar ao Bom Jesus/Ielusc para exercer minha função na gloriosa Agência Experimental de Jornalismo. Mas penso que ainda posso refletir sobre as relações de ensino.
O nosso magnânimo professor nos pediu, muito à socapa, que fizéssemos um blog e o atualizássemos pelo menos uma vez por semana, como já descrevi na minha apresentação em janeiro. Porém, é bem claro que não o fez em voz mui alta, e em espaçadas oportunidades, fazendo com que boa parte dos nossos colegas nem se lembrasse desse pedido. Porém, o regime estabelecido define que um pedido de um professor (mesmo que de um semestre para o outro, de um ano para o outro) seja atendido prontamente, já que é ele quem pode impor as sanções a quem não atende seus pedidos (ou ordens, depende do dia e do humor). Por isso vi, durante nossas férias, os bolonenses se coçando para encontrar fotos que fossem interessantes, escrever algo que fosse instrutivo e que demonstrar a cultura que adquiriram durante (e antes) da faculdade, por meio de textos autorais. Ponto.
As questões se seguem: fizeram de boa vontade ou apenas por obrigação? Fariam se não fosse um pedido/ordem do nosso Guia, sua camisa da Holanda e seus óculos escuros? Há o que no estúdio de fotografia: medo, respeito ou indiferença? Os que se sentam nas cadeiras de plástico assentem ou obedecem quem se senta na cadeira estofada?
Mais um semestre começa, e nós esperamos ter as respostas no decorrer dos próximos meses. Queremos aprender, mas não só na experiência. Queremos ver como aprendemos (no caso de hoje, como aprenderemos). Queremos ter um plano de desenvolvimento intelectual, ou mesmo saber o que estamos fazendo. E queremos resultado.

7 de fev. de 2007


Os 60 séculos de um minuto

Esse tempo não passa
Não passam as dores
Nem os amores arrependidos

Passa a paciência
Esgota mais a cada segundo
Seculundo quase infindo

Ainda espero o dia da mudança
Os novos ventos
Amores leves
E infinitos

E enquanto passam os séculos
Vagarosamente
Passam maus passos
Lívidos à procura
Do tempo perdido
Do amor perdido

E se eu encontrar a paixão
Perguntarei seu paradeiro
E por que tanto me seduz
Se sempre me abandona
Frio e sozinho

3 de fev. de 2007


Everyday by day

Uma poesia por dia

Um surto lírico fático
Incontrolável

Cada vez que o sol se deita atrás da serra

Eu me deito no meu berço de sonhos
E deito sonhos no papel branco

Enquanto espero

Nada há nisso
Que não seja falho
Fraco e inocente
Mas puro

Até o dia em que o papel acabe
Que o sono chegue
Que o tinteiro seque
Que o sol levante
E que o sonho acabe

2 de fev. de 2007



O Google e eu vamos conquistar o mundo

Estava aqui sentado em minha cadeira giratória, esperando ser ungido por um pingo que fosse de inspiração, quando não sei de onde me lembrei de fazer algo que faço de vez em quando: para medir meu grau de ascensão na vida, abro o Google e digito
"Jouber Castro". Às 15:39 dessa belíssima sexta-feira ensolarada, o Google apresentou 85 resultados para o meu nome. Vi que estou melhorando. Comecei a contabilizar a partir dos 13 resultados considerados mais relevantes, já que uma boa parte dos demais são as matérias que eu escrevi na Revi (acho que a pessoa que acompanha esse Paixão de Bolso já percebeu que de vez em quando eu estou contabilizando alguma coisa; tal costume é efeito de duas características minhas: 1. tempo abundante nas férias e 2. desvio mental). Dois resultados são aqui do próprio Blogger: meu perfil e o perfil do Juciano, já que meu nome ainda está no Observatório. Dois outros resultados são de postagens minhas nesse mesmo blog. Um comentário no blog da Fran, duas matérias da Revi, duas atualizações do fotolog e dois posts aqui do Paixão de Bolso. Mas dois resultados me chamaram muito a atenção.

Um é a
lista de pontuação das Olimpíadas de Matemática de 2006 da Universidade de Antioquia, onde um cidadão chamado Jouber Castro Marin, que cursa(va) a sexta série numa escola da cidade de El Peñol, na Colômbia, foi inscrito mas não prestou a prova. Uma prova cabal de que Olimpíadas de Matemática são um saco em qualquer lugar do mundo.

O outro é uma
notícia do jornal A Notícia de 10 de agosto de 2003, que segue aqui na íntegra.

"As escolinhas de futebol em gramado sintético do Sesc de Joinville participaram de festival em Florianópolis, e garantiram um troféu de campeão e dois vice. A conquista joinvilense foi invicta na categoria B de 11 e 12 anos com os atletas Vinícius Pereira, Marcel Saragosa, Jeferson Decom, Renato Carvalho, Stevan Müller, Fred de Oliveira, e Luís Nascimento Júnior. Na A até 10 anos, Joinville foi vice com Stefano Lazzari, André Mezzari, Tiago Locatelli, Danilo Yanke, Calil Folster, Tiago Gaertner e Paulo Miranda. Na C de 13 a 15, foi vice com Jefferson Fernandes, Jouber Castro, Paulo Miglioli, Marlon Mohr, João Viese, Vinícius Araes e Luís de Souza".

Sim, senhor. Esse é sim o primeiro registro do meu nome num jornal. E nós fomos a Florianópolis, e naquele torneio eu fiz um gol contra Brusque, de pênalti, que aliás nos levou à final. Saudade bem grande. Então essa é a minha dica do dia: procure seu nome no Google de vez em quando.

1 de fev. de 2007



Sobre o cá estou

Eu estou aqui.

O calor impera nos trópicos, a vida segue. Minha perna não pára, minha mãe chega, meu vai e vem, a música toca. E eu estou aqui. O Aldo e o Arlindo se resolvem por lá, o Collor bate nas costas do ACM, o Palocci fala com o Genoíno, o Christian vai pro Inter, o Ronaldo vai pro Milan, um jogador do ASA de Arapiraca morre num hotel. E eu estou aqui.

Minha família vai por lá e por ali, meus amigos por cá, mas mais lá que aqui, ou eu cá e eles lá, ou por mim, eles onde quiserem. E eu estou aqui.

Durmo ou não. Como ou não. Falo ou não. Grito ou não. Gozo ou não. Mas estou aqui.

O juiz expulsa três, outro esquece a bola. A bola, num lugar tem duas, no outro, uma que pára onde não devia. A bola lá, e eu aqui.

A Ana Carol escreve um texto lindo. E eu a adoro daqui.

A Eva faz um blog e me pergunta coisas. E eu sorrio daqui.

Uma caloura me pergunta sobre o trote. E eu respondo daqui.

Você me lê e me acha repetitivo. Eu dou de ombros daqui.

E daqui espero.

Eu decidir.
Se são frases.
Ou são versos.

30 de jan. de 2007


Do que o escuro tem a oferecer

Ontem, por volta das 23h10, o Boa Vista viu algo diferente. Não, não desceu do céu uma nave espacial com algum alienígena salvador que viera para salvar a Terra da calamidade total e levar toda a nossa população a um planeta longínqüo, onde todos seríamos felizes. Também não foi Deus que desceu à Terra pra avisar que acabaria com todos os conflitos e aniquilaria todas as injustiças correntes. Simplesmente a luz apagou. Toda. Não sobrou nem luz de emergência. E com ela pararam de funcionar todos os aparelhos elétricos, eletrônicos e afins. O morador da zona leste ficou sem TV, sem PC, sem AM e FM, sem CD, sem DVD, sem nada. Tinha água gelada, mas por pouco tempo, já que refrigeradores de toda a espécie também não funcionavam.
Os primeiros 30 segundos serviram para que o boavistense se localizasse no escuro apalpando seus móveis e paredes, para que tirasse seus eletrodomésticos da tomada e pensasse no que funcionaria ou não quando acionado. Passados esses 30 segundos, foi à busca de lanternas e velas. A despeito de tudo isso, a visão, nesses 30 segundos (como acontece com todos num ambiente escuro), já dilatara suas pupilas. E assistiu a um belíssimo espetáculo. Viu que não precisava de luz. A lua grande no céu era uma lâmpada de milhões de watts, iluminava tudo que quisesse, penetrava nuvens, furava bloqueios, e clareava quem quisesse ser clareado. Digo isso porque muitas pessoas não a pereceberam. Eu percebi. E me posicionei num lugar onde pudesse ver o máximo de espaço possível. E dali vi, em cada casa uma vela acendendo, o vizinho procurando os cachorros com uma lanterna, vagalumes que piscavam aqui e ali, e a lua. A lua. O escuro, as trevas, sempre foram sinônimo de sofrimento, de agonia, de solidão, do mal. Mas ontem esse escuro me mostrou que ele é, na verdade, um grande templo da imaginação. No escuro, os pontos das estrelas se uniam aos vagalumes, as velas eram respingos da tinta que iluminava os outros bairros que não tiveram a oportunidade de presenciar o show que o escuro fazia só pra nós. As nuvens pareciam uma espécie de telhado de neon, e o ar era quente, mas não desagradável. O show acabou quando a energia elétrica foi reestabelecida. Mas vive na memória de quem saiu ao relento na noite de segunda.

29 de jan. de 2007


O jogo que o João não viu

Mesmo com a minha má previsão de ontem, o Brasil venceu e se classificou para as Olimpíadas. Porém, uma pessoa na praia de Penha não pôde ver o jogo até o final. O seu João Luiz da Luz, que durante toda a semana havia se esforçado para construir mais um quarto e acomodar melhor seus visitantes no carnaval, tinha descansado no início da noite de domingo. Como sempre fazia, já havia preparado a refeição sofisticada que serviria para amansar os monstros estomacais da praia, onde o organismo desregula, mas o ogro da fome nunca pára. Preparara macarrão e frango no almoço, e fora advertido que não era necessário fazer mais comida. Deitou-se, e pediu para ser acordado na hora do jogo do Brasil. Mas às nove da noite já estava de pé. Perto de dez e meia avisou que o macarrão seria devorado no intervalo do jogo. Mas já aos cinco minutos do primeiro tempo, chamou pelo nome da sua esposa, e a deixou e aos seus dois filhos, além de uma legião de admiradores na escola onde era diretor e entre os amigos da sua filha. Não teve tempo de ver o Edgar desencantar finalmente no torneio sub-20, não viu todos que foram ao cemitério municipal hoje, não viu os que sorriram, nem os que choraram. Não viu as coroas nem os buquês. Não viu a filha chorando. Não viu o filho calado. Não viu.
Mas estava lá. Não só deitado, com a expressão tranqüila, no centro da sala, centro das atenções. Estava vagando entre os presentes, falando de como uma estava gorda, ou perguntando porque aquele parente que nunca aparecia estava chorando tanto. Tirando sarro dos cabelos de um, batendo forte nas costas do outro. Apertando forte a minha mão. A vida dele na terra externa acabou, mas começa na terra sempre fértil da memória. É muito lugar-comum falar sobre as lições de alguém que morreu, mas faço isso de consciência limpa. Há umas duas semanas eu me lembrava da minha estadia na mesma casa que assistiu à partida de João. Me lembrava da sua dedicação, do seu zelo, sua alegria em tratar bem, em viver bem. E hoje renovo esse pensamento, tomando como aprendizado a obrigação que temos em valorizar a nossa passagem na Terra, em fazê-la a melhor possível, para nós mesmos e para os outros. Eu assisti ao jogo, mas hoje digo que preferia não ter assistido, se isso fizesse um outro alguém assistir no meu lugar. Muito obrigado, João.